A sepultura foi escavada no granito deteriorado que constitui a rocha de base, tendo os seus construtores destacado a área da cabeça, definindo claramente o antropomorfismo na arquitectura deste sepulcro. A cobertura dos defuntos aí inumados era feita com lajes de granito e os espaços entre estas lajes e entre estas e a sepultura foram preenchidos por terra, telha grosseira e calços de granito. Na zona da cabeceira, a uma cota superior à das lajes de cobertura, foram identificadas outras lajes que, cremos, poderão corresponder a uma cobertura anterior.
A sepultura tinha ossos humanos conservados, contudo, encontravam-se em fraco estado de preservação, em particular as extremidades e esqueleto axial, muito provavelmente devido à acidez característica dos solos graníticos. Não obstante o estado de conservação dos ossos, foi possível identificar dois indivíduos adultos do sexo masculino. A estatura que foi possível de calcular a partir da análise desses ossos aponta para que um dos inumados tivesse 170 cm de altura, valor comum entre as populações de características latinas. O estudo dos ossos permitiu ainda reconhecer que os indivíduos inumados nesta sepultura padrões tinham actividades físicas de reduzido esforço, coerentes com sociedades de características sedentárias.
A análise de paleopatologias ou lesões degenerativas nos esqueletos, apenas determinou evidências que indicam o contacto de um dos indivíduos com um foco de infecção a determinada altura da sua vida, porém, não foi possível identificar a bactéria específica por essa infecção.
Dado a raridade do achado e a escassez de dados cronológicos precisos para o mundo funerário rupestre realizou-se uma datação de radiocarbono por método convencional. A calibração do resultado obtido forneceu um intervalo de tempo entre 890-1020, isto é o enterramento de um dos indivíduo aí identificados ocorreu num momento entre estas duas datas, sendo probabilisticamente mais provável que esse acontecimento se tenha dado durante o século X. Todavia esta datação apenas data o evento da morte deste defunto, sendo a sepultura certamente mais antiga, já que, tal como hoje, as sepulturas eram sistematicamente reutilizadas. A identificação de dois indivíduos não significa, aliás, que estes tivessem sido os únicos a ser aí inumados, uma vez que a deficiente conservação do material ósseo poderá ter determinado a decomposição total de restos osteológicos de outras eventuais inumações.
A singularidade da sepultura do Alto da Quintinha deve-se ao facto de nela se terem conservado restos ósseos. A conservação de ossos em terrenos graníticos é rara e ocorre normalmente em cemitérios com longa e continuada utilização. Pode ser essa a situação já que há referências orais sobre o aparecimento de mais ossadas nas imediações, o que sugere estarmos perante uma necrópole cuja dimensão é, por agora, impossível de determinar.
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