Ocorre este fim de semana na cidade de Mangualde mais uma edição da Feira de Santos. Quem se deslocar pela cidade encontrará umas maravilhosas placas amarelas a dizer "Febras", pois o que interessa são as febras e não a tradicional feira, onde não se comia apenas a marrã.
Então mas come-se febras ou marrã?
Como diz o ditado, a tradição já não é o que era, e como tal a designação "marrã" caiu em desuso na década de 70 do século passado e passou a usar-se o termo febras.
Mas outrora esta feira foi conhecida, não pela feira das febras mas sim pela marrã.
No Notícias da Beira encontramos várias referências à marrã nas notícias referentes à Feira de Santos:
- Em todo o caso fizeram-se muitas e variadas transacções, especialmente da tradicional "marrã", pois foram abatidas algumas centenas de cevados. (NB, 441, 10-11-1947).
- O facto imprimiu ao ambiente um ar de grande entusiasmo e movimento em todos os sectores do mercado, tendo-se realizado importantes transacções, principalmente de marrã, sendo abatidos mais de 500 suínos! (NB, 801, 10-11-1962).
- Destaca-se ainda a venda de carne de suíno (marrã) pois além do consumo que nesse dia se repista nos restaurantes e nas pitoresas bancas... (NB, 824, 1963).
Para quem não saiba o termo marrã designa a bácora que já deixou de mamar ou simplesmente a sua carne. O termo é bastante antigo e aparece no Foral manuelino de Tavares (10-02-1514). O bácoro ou a sua carne era chamado de gorazil (termo que também surge no Fora de Tavares). Com o tempo o termo gorazil caiu em desuso e o termo marrã passou a designar genericamente a carne fresca de porco ou porca.
Em Mogadouro, por exemplo, a Feira anual chama-se Feira dos Gorazes, mas as pessoas dizem que comem a marrã!
A par da Feira dos Santos a Câmara Municipal de Mangualde organizou algumas actividades paralelas, como uma Feira de Artesanato. Mas não consegui encontrar nenhuma informação no site da autarquia mangualdense.
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